sexta-feira, 26 de junho de 2015

Essa sou eu, entrando em mais uma tentativa de relacionamento e cometendo mais uma vez os erros que cometi com você. É a vontade de implicar com tudo, de ser livre e plural, de dizer sim e fingir que não. É fazer a independente que não quer se prender a nada e ninguém. É ser a carente que pede beijinho a cada dez minutos. É mandar tomar no cu e pedir desculpas 15 minutos depois. É cada coisinha, cada pequeno desgaste, cada birra por coisa pouca que faz com que todos desistam. Eu sou difícil demais.
 Eu gosto de me gabar por morar longe dos meus pais, dividir quarto com dois caras que tão drogados dia sim, dia não, não ter nem um edredom pra chamar de meu e aguentar tudo isso firme e forte, tentando deixar minha beliche com mais cara de casa prendendo aquelas polaroids bobas no fio da luminária. Eu gosto de voltar pra casa dos meus pais no domingo -nos que dá- e ganhar carinho pra semana inteira que eu vou passar sozinha. Eu gosto de me gabar por sair de um trabalho às 00:30 e acordar às 7h pra ir pra outro. Eu gosto de pegar o ônibus vazio depois de ter dormido só duas horinhas por causa da balada de ontem, sentar no banco da janela e tirar um cochilo bem gostoso, mesmo que na hora de acordar as costas doam pra cacete.  Eu gosto quando tô sem sono e passo o caminho inteiro vendo os prédios pichados e a poesia escondida em cada detalhe de São Paulo.
 Eu gosto das coisas mais bobas e banais e sem sentido que alguém poderia gostar. Esse cara, da nova tentativa de relacionamento, diz que se apaixonou por mim por causa disso. Pra te falar a verdade, eu acho que tenho um jeitinho engraçado que faz as pessoas quererem brincar comigo por um tempo, e aí eu distraio elas, me distraio com elas e a gente curte por um tempo. Problema é que depois desse tempo eu vou ficando chata e birrenta e estranha. E eu acho que por um tempo depois desse tempo os caras nem percebem como tô agindo diferente, porque eles tão distraídos demais pensando na minha bunda e no jeito gostoso que eu rebolo em cima deles. E eu finjo que não sei disso.
 Eu queria um relacionamento que fosse mais que um cara apaixonado pela minha bunda.
 Esse cara, ele quer morar comigo. Ele diz que tem uma aliança guardada pra mim. Ele pediu pra eu ser só dele. Ele nunca disse que me ama. Eu já quis dizer que o amo, depois do sexo, quando a gente tava abraçadinho falando besteira, mas o orgulho e o medo ainda não deixaram.
 Esse cara foi lá em casa conhecer meus pais. O único depois de você.
 E eu ainda não sei bem o que quero com ele.
 E eu ainda brigo por tudo que não faz sentido.
 E eu ainda não consigo contar pra ele que sinto mais do que demonstro.
 Que eu preciso que ele seja compreensivo e paciente comigo.
 Que ele ainda tem tempo de fugir, mas que por mim ele fica, e cuida de mim, e não me deixa cometer os mesmos erros que cometi com você.

 

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