segunda-feira, 13 de julho de 2015

ainda não

eu perco todo mundo. eu tenho o incrível poder de fazer alguém se apaixonar e desapaixonar de mim  em menos de 3 meses. eu tenho o dom de criar expectativas nas pessoas e as decepcionar por não corresponder a nenhuma delas.
eu não tenho casa.
nem meus pais têm casa mais.
eu quero transar com todo cara que aparece na minha frente.
eu quero que todos eles me amem infinitamente e eu fico de saco cheio quando algum deles resolve demonstrar um pouquinho de carinho por mim.
eu sou um ser humano péssimo que demora muito tempo pra responder as mensagens urgentes do whatsapp.
tudo é urgente e eu não consigo lidar com nenhuma urgência.
eu minto.
eu engano e eu manipulo.
eu machuco as pessoas e eu ignoro a dor delas pra fingir que em mim não dói também -mas eu acho que em mim dói mais ainda.

eu odeio emails mas eu sou vidrada em responder emails.
eu odeio o facebook mas eu fico stalkeando meu próprio perfil e pensando no que o deixaria mais "a minha cara"
a minha cara sou eu
na balada
drogada
eletrificada
dançando o infinito
e esperando que algum conhecido me encontre e cuide de mim
e tudo que eu encontro são novos desconhecidos que me mandarão mensagens no dia seguinte e se decepcionarão pela minha demora em responder de volta e desistirão de mim ou renderão no máximo uma ou duas transas.
eu nunca tenho tempo de ir no médico, de visitar meus avôs, de fazer esportes e de sair da dieta da pizza e do pão com presunto e queijo.
eu não tenho tempo para as pessoas que eu amo e eu não tenho tempo pra mim.

a minha vida é um bocado de coisas que ainda não foram resolvidas, paixões não correspondidas e mensagens não respondidas.

e eu obviamente não tenho a mínima ideia de como lidar com isso.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Essa sou eu, entrando em mais uma tentativa de relacionamento e cometendo mais uma vez os erros que cometi com você. É a vontade de implicar com tudo, de ser livre e plural, de dizer sim e fingir que não. É fazer a independente que não quer se prender a nada e ninguém. É ser a carente que pede beijinho a cada dez minutos. É mandar tomar no cu e pedir desculpas 15 minutos depois. É cada coisinha, cada pequeno desgaste, cada birra por coisa pouca que faz com que todos desistam. Eu sou difícil demais.
 Eu gosto de me gabar por morar longe dos meus pais, dividir quarto com dois caras que tão drogados dia sim, dia não, não ter nem um edredom pra chamar de meu e aguentar tudo isso firme e forte, tentando deixar minha beliche com mais cara de casa prendendo aquelas polaroids bobas no fio da luminária. Eu gosto de voltar pra casa dos meus pais no domingo -nos que dá- e ganhar carinho pra semana inteira que eu vou passar sozinha. Eu gosto de me gabar por sair de um trabalho às 00:30 e acordar às 7h pra ir pra outro. Eu gosto de pegar o ônibus vazio depois de ter dormido só duas horinhas por causa da balada de ontem, sentar no banco da janela e tirar um cochilo bem gostoso, mesmo que na hora de acordar as costas doam pra cacete.  Eu gosto quando tô sem sono e passo o caminho inteiro vendo os prédios pichados e a poesia escondida em cada detalhe de São Paulo.
 Eu gosto das coisas mais bobas e banais e sem sentido que alguém poderia gostar. Esse cara, da nova tentativa de relacionamento, diz que se apaixonou por mim por causa disso. Pra te falar a verdade, eu acho que tenho um jeitinho engraçado que faz as pessoas quererem brincar comigo por um tempo, e aí eu distraio elas, me distraio com elas e a gente curte por um tempo. Problema é que depois desse tempo eu vou ficando chata e birrenta e estranha. E eu acho que por um tempo depois desse tempo os caras nem percebem como tô agindo diferente, porque eles tão distraídos demais pensando na minha bunda e no jeito gostoso que eu rebolo em cima deles. E eu finjo que não sei disso.
 Eu queria um relacionamento que fosse mais que um cara apaixonado pela minha bunda.
 Esse cara, ele quer morar comigo. Ele diz que tem uma aliança guardada pra mim. Ele pediu pra eu ser só dele. Ele nunca disse que me ama. Eu já quis dizer que o amo, depois do sexo, quando a gente tava abraçadinho falando besteira, mas o orgulho e o medo ainda não deixaram.
 Esse cara foi lá em casa conhecer meus pais. O único depois de você.
 E eu ainda não sei bem o que quero com ele.
 E eu ainda brigo por tudo que não faz sentido.
 E eu ainda não consigo contar pra ele que sinto mais do que demonstro.
 Que eu preciso que ele seja compreensivo e paciente comigo.
 Que ele ainda tem tempo de fugir, mas que por mim ele fica, e cuida de mim, e não me deixa cometer os mesmos erros que cometi com você.

 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

localizo-me

o km 21 da Raposo Tavares
o posto 9 da Praia de Ipanema
a estação Vila Mariana e também a Chácara Klabin
o motel na Ricardo Jafet
a travessa da Augusta
o mercado Assai na Francisco Morato
o terminal Penha
o Solarium do número 990 na Rebouças
a padaria na Pompeia

cada avenida tem uma lembrança
cada ponto de ônibus traz uma história
e passando pelas ruas da cidade eu choro um pouco por dentro toda vez que lembro daquele dia em que encontrei aquela pessoa e aquela outra e a outra também
pensando em como tudo é passageiro e como decorar caminhos é perda de tempo
as trilhas de São Paulo ainda têm rastros do que eu senti
e eu penso se um dia vou andar por um caminho só
pra encontrar sempre a mesma pessoa
e deitar sempre na mesma cama
e sempre sorrir ao passar naquele ponto de ônibus, naquela avenida, naquela estação de metrô.



segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

 realmente, quanto mais tempo a gente passa sem se apaixonar por alguém, maior o bloqueio criativo. todas as vezes que eu achei que tava gostando de alguém depois de você, tentei escrever sobre a pessoa e vi que não vinha nada, o que me fez entender que ainda não amei ninguém mais do que a ti. de vez em quando eu sinto aquela coisa bonita, aquela felicidade em estar com certa pessoa, mas não é o mesmo. eu sempre lembro de você, e de como tinha entre nós alguma coisa que falta ali.
 é foda assumir isso. 
 eu tô aqui, vivendo uma vida totalmente diferente, me deixando guiar só pelos meus desejos e tentando ser feliz assim. você tá aí, vivendo. ou sobrevivendo. e os nossos corações finalmente se afastaram o suficiente pra que não exista possibilidade nenhuma desse amor acontecer de novo.
 eu realmente acreditei por um tempo que quando você voltasse, seria pra mim, e a gente conseguiria se entender e viver aquela baboseira de uma vida juntos. hoje eu não acredito em mais nada, nem que você vá voltar. 
 eu sempre te desejei sorte 
 e alguém que te cuidasse como eu tentei fazer  
 que sinta tudo que eu senti, e não apague de você tudo que sentiu por mim
  
 tudo de bonito pra nós

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

o sol beijando a pele
o vento batendo na nuca
a areia que abraça
os sorrisos de um segundo trocados na ciclovia
a ponte
as cores
as luzes amareladas nas árvores compridas ao cair da noite
os prédios que guardam histórias
e vida
e o cristo que abre os braços pra beleza de cada dia
toda a felicidade guardada nas pequenas coisas
em um só lugar
meu Rio

sobre tudo que já foi

 Saí de casa, comecei faculdade, arrumei emprego, passei a fazer minhas próprias compras no mercado. Um ano pra aprender que comprar muitas frutas prometendo que vai ser um mês saudável sempre dá errado, e no fim, tudo estraga. Um ano pra entender que insistir no amor machuca demais, e no fim, estraga também. Um ano pra perceber que a solidão é necessária e excitante, e se aproveitada, pode trazer de volta tudo que o apego aos outros tira. Procurar a felicidade é tarefa a ser feita sem a ajuda alheia.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

estávamos juntos
por pouco
e dessa vez o nosso juntos era um fio quase arrebentado

e o meu silêncio o puxava mais
e sua falação o puxava mais
e
cada
minuto
do meu silêncio
e da sua dor
era o fio um pouco mais puxado

desculpa, eu não consigo falar
tem todo um mundo aqui dentro
tantas vontades dentro dele
tanta dúvida
e ele nunca para
e eu nunca consigo saber
se algo me dói

se eu não assumo que vou sentir falta de ti,
é porque não sei

e eu nunca sei

mas sei que meu mundo gira um pouquinho mais com você
quando eu sinto sua pele tocando a minha
e passo a mão em seus cabelos
e acaricio suas pernas com meu pé
e sinto seu suor frio
que é como doce
depois de engolir todo o tesão que você sente por mim

e eu não consigo responder quando tu diz que me ama
e que eu te amo não há dúvidas
mas parece errado
assumir
repetir
sentir

e tudo que eu consegui pensar
e não consegui falar
foi que eu poderia ter aquilo todos os dias
a pele
o suor
o tesão
o banho
as palavras bonitas e infindáveis
e tudo que eu pude lembrar
foi que não,
eu não poderia ter
não posso
não vou

e nada mais depende de mim